quarta-feira, 18 de junho de 2008
Orgulho da aldeia
Motivo de orgulho para toda a aldeia, estes rapazes que trazem o diabo no corpo “existem desde o inicio do mundo”. Na verdade ninguém sabe ao certo de onde é que os caretos apareceram sabe-se apenas que é uma tradição secular transmontana, que confunde elementos profanos, mágicos e religiosos. Algumas fontes referem que esta tradição deriva das antigas festas saturnais romanas, em honra de Saturno, Deus das sementeiras, com estas celebrações tentava-se acalmar a ira dos céus e deste modo obter favores para uma boa colheita. Contudo ninguém pode referir ao certo uma data, nem mesmo os habitantes mais velhos da aldeia como a Dona Carolina de 83 que afirma “ quando eu nasci já havia caretos.”
O ponto alto na vida do careto é sem duvida o Carnaval, no dia de Entrudo todos os caretos saem a rua, correm de um lado para o outro numa chocalhada infernal, de rua em rua, de adega em adega, sempre a perseguir raparigas, ninguém lhes consegue ficar indiferente. É neste dia que a pacata aldeia transmontana se enche de gente de todos os cantos dos país “ as minhas netas vêm de prepósito do Porto para verem os caretos” afirma o Senhor Dinis. Todos querem ver os misteriosos rapazes das franjas coloridas , ouvir os chocalhos que se transformam em musica para os ouvidos e partilhar a alegria espalhada por toda aldeia. As raparigas são o principal alvo das tropelias dos caretos, ficam a janela a vê-los passar nas ruas, com medo que eles se entusiasmem e trepem pelas paredes para as chocalhar. Quando conseguem apanhar as solteiras encostam-se a elas e ensaiam estranhas danças de conteúdo erótico, agitando a cintura e batendo com os chocalhos nas ancas das vitimas que, para bem do corpo acompanham a dança. Hoje em dia só a dança dos chocalhos faz divertir o povo e arreliar as raparigas solteiras, mas noutro tempos havia outras brincadeiras desde o banho de formigas ate à invasão das casas para entornarem o conteúdo de qualquer panela que se encontra-se ao lume, Carolina Valente conta que “quando era nova estava escondida em casa e o meu pretendente era careto, então subiu a minha varanda para me chocalhar e sem querer, com o pau que faz parte do traje partiu o vidro da minha janela, o meu pai na altura ficou arreliado, mas nada foi feito porque aos caretos tudo é permitido durante 2 dias no ano”.
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