quarta-feira, 18 de junho de 2008
CARETOS DE PODENCE
Eles andam ai
Caretos de Podence têm o diabo no corpo
Em Podence, aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros bem no centro de Trás-os-Montes , nada, ou quase nada, detém os bandos de Caretos que todos os anos saem para as ruas em desenfreadas correrias, perseguindo as moçoilas para as “chocalhar”.
O traje
Colchas velhas de lã, franjas feitas em tear cerca de 60 novelos de lã verde, amarela e vermelha, campainhas e 12 chocalhos que o povo usa para sinalizar o gado, um pau e uma mascara feita em latão com um nariz pontiagudo fazem um careto.
Não há casa que não tenha fato de careto na aldeia de Podence, as vestes demoram a fazer como afirma o Tio Manuel alfaiate “ demoram muito tempo e já fiz tantos que não tem conta”, mas uma vez feitos duram uma vida e até a morte, pois há quem queira levar o fato para a outra vida “ tenho o meu fato de careto guardado e quando morrer quero ser enterrado com ele” conta o Sr. Dinis careto reformado de 87 anos.
Orgulho da aldeia
Motivo de orgulho para toda a aldeia, estes rapazes que trazem o diabo no corpo “existem desde o inicio do mundo”. Na verdade ninguém sabe ao certo de onde é que os caretos apareceram sabe-se apenas que é uma tradição secular transmontana, que confunde elementos profanos, mágicos e religiosos. Algumas fontes referem que esta tradição deriva das antigas festas saturnais romanas, em honra de Saturno, Deus das sementeiras, com estas celebrações tentava-se acalmar a ira dos céus e deste modo obter favores para uma boa colheita. Contudo ninguém pode referir ao certo uma data, nem mesmo os habitantes mais velhos da aldeia como a Dona Carolina de 83 que afirma “ quando eu nasci já havia caretos.”
O ponto alto na vida do careto é sem duvida o Carnaval, no dia de Entrudo todos os caretos saem a rua, correm de um lado para o outro numa chocalhada infernal, de rua em rua, de adega em adega, sempre a perseguir raparigas, ninguém lhes consegue ficar indiferente. É neste dia que a pacata aldeia transmontana se enche de gente de todos os cantos dos país “ as minhas netas vêm de prepósito do Porto para verem os caretos” afirma o Senhor Dinis. Todos querem ver os misteriosos rapazes das franjas coloridas , ouvir os chocalhos que se transformam em musica para os ouvidos e partilhar a alegria espalhada por toda aldeia. As raparigas são o principal alvo das tropelias dos caretos, ficam a janela a vê-los passar nas ruas, com medo que eles se entusiasmem e trepem pelas paredes para as chocalhar. Quando conseguem apanhar as solteiras encostam-se a elas e ensaiam estranhas danças de conteúdo erótico, agitando a cintura e batendo com os chocalhos nas ancas das vitimas que, para bem do corpo acompanham a dança. Hoje em dia só a dança dos chocalhos faz divertir o povo e arreliar as raparigas solteiras, mas noutro tempos havia outras brincadeiras desde o banho de formigas ate à invasão das casas para entornarem o conteúdo de qualquer panela que se encontra-se ao lume, Carolina Valente conta que “quando era nova estava escondida em casa e o meu pretendente era careto, então subiu a minha varanda para me chocalhar e sem querer, com o pau que faz parte do traje partiu o vidro da minha janela, o meu pai na altura ficou arreliado, mas nada foi feito porque aos caretos tudo é permitido durante 2 dias no ano”.
A Tradição
Num clima fantástico e fascinante, pleno de sedução e mistério a aventura dos caretos continua com “ os contratos de casamento”, estes realizam-se no domingo gordo ao cair da noite. Os caretos assumem o papel de padres, colocam-se em pontos elevados da aldeia e ai anunciam os casamentos de todos os solteiros da terra. Para se fazerem ouvir usam os embudes ( espécie de funis usados para verter o vinho para as pipas) para amplificar a voz e ao mesmo tempo distorcer para proteger a identidade dos “sacerdotes”. “Juntamos as pessoas boas com as mais caricatas e damos lhe dotes pejorativos” explica o careto Luís Costa. Nessa altura já estão bebidos e bem bebidos os caretos. Durante o dia, entre chocalhadas, percorrem as adegas da aldeia e em todas provam o vinho, que os da casa oferecem com gosto.
Um pouco de susto no olhar das raparigas, uma malícia no olhar das mulheres mais idosas, uma expressão admirativa nos rostos das crianças, corações que batem em alegre taquicardia, são as correrias e os momentos espontâneos, instintos carnavalescos que sem samba nem umbigo a mostra, caracterizam a tradição que em Podence ainda se faz cumprir.
Um pouco de susto no olhar das raparigas, uma malícia no olhar das mulheres mais idosas, uma expressão admirativa nos rostos das crianças, corações que batem em alegre taquicardia, são as correrias e os momentos espontâneos, instintos carnavalescos que sem samba nem umbigo a mostra, caracterizam a tradição que em Podence ainda se faz cumprir.
Caretos no festival RTP da Canção de 2006
O Grupo Maria Folia, concorrente ao Festival RTP da Canção 2006, com a música "Bem mais além", escolheu como indumentária o fato dos Caretos de Podence.
sábado, 14 de junho de 2008
Entrevista a Manso Preto
José Luis Ferraz Manso Preto é jornalista português freelance na área do narcotrafico, licenciado pela Universidade Católica. Em Setembro de 2002 foi detido por algumas horas por se recusar a revelar o nome de uma fonte em tribunal. Este caso ficou conhecido como “caso Manso Preto”, sensibilizou jornalistas e ganhou a empatia dos estudantes de comunicação social que frequentemente estudam o seu caso.
Manso Preto fala-nos sobre a sua profissão, o caso em que esteve envolvido e comenta o panorama do jornalismo de investigação em Portugal
Manso Preto fala-nos sobre a sua profissão, o caso em que esteve envolvido e comenta o panorama do jornalismo de investigação em Portugal
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